Polícia Federal diz não haver provas no caso Yanomami
A investigação sobre o caso da menina de 12 anos da aldeia Yanomami continua, e a polícia Federal não concluiu o caso ainda. Para relembrar, no dia 25 de abril desse ano, o presidente do Condisi- YY (Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami), Júnior Hekurari Yanomami recebeu uma denúncia.
Garimpeiros teriam abusado e levado à óbito uma menina yanomami de 12 anos.
Além disso, uma mulher e outra criança, teriam ido junto com a menina e os garimpeiros. E desse modo, a criança de três anos teria caído no rio, entretanto de acordo com as investigações da PF, não há rastros dessa segunda criança, e não há informações se ela esteve no local.
Para a polícia, o que houve foi um mal-entendido. Contudo, o presidente da Cindisi, Júnior Hekurari afirma que os índios foram subornados por garimpeiros, para negar o fato.
O Relatório divulgado no dia 11 de abril, também trouxe outras denúncia a respeito da presença dos garimpeiros em terras indígenas. Como por exemplo, os exploradores tem proibido os índios de praticarem a caça e a pesca, além de abusos sexuais de meninas e mulheres.
Também há relatos de aumento de violência entre os jovens e desrespeito para com idosos.
A polícia afirma não ter provas suficientes para afirmar que houve o abuso e óbito da menina Yanomami, nem se isso poderia ter sido causado por garimpeiros que estão trabalhando ilegalmente na região.
O que se sabe até agora é que de acordo com o relatório “Yanomami sob ataque“, a presença dos garimpeiros no território indígena tem causado muitos malefícios para os índios, principalmente os Yanomamis.

Entrevista com Júnior Hekurari Yanomami
O Notícia Séria Brasil teve uma conversa exclusiva com Júnior Hekurari Yanomami para saber mais sobre a situação na região:
NNS-B: Júnior conta um pouco pra gente como foi receber a notícia estupro e da morte da menina Yanomami, e como está a situação hoje na região?
Júnior: Então, dia 25 de abril uma liderança mandou um áudio pelo meu whatsapp informando que ele também tinha recebido informação que ‘aconteceu um estupro na comunidade Aracaçá.
Essa comunidade fica muito distante de outras comunidades, único acesso que tem é comunidade Uaikas. 6 horas de barco, né… então, essa comunidade é dominada por garimpeiros. Eu também entrei em contato com a comunidade e confirmaram, por isso.
Eeu fiz esse documento pra Polícia Federal, e pro Ministério Público Federal, informando né, para buscar mais informações.
E eu fui acompanhar a diligência na comunidade e chegamos no acampamento dos garimpeiros, não diretamente na comunidade, e no mesmo dia, umas dez horas. Alguns yanomamis que trabalhavam com os garimpeiros,chegaram lá informando:’não, que não tinha acontecido’. Mas acho que no mesmo dia, ou um dia antes, eles tinham gravado um vídeo entre eles que estavam com muito medo e já bem orientados pelos garimpeiros.
Então aqueles Yanomami lá ‘vive’ com muito problema… de saúde… de essas ameaças dos garimpeiros, não é a primeira vez que recebemos essa notícia. Tem várias outras situações, o mesmo problema que aconteceu…na comunidade.
Então, eles informaram outros problemas para a gente, para os policiais federais e para o Ministério Público Federal. Mas retornamos outro dia para a comunidade Aracaçá e a gente viu que a comunidade estava queimada, não tinha ninguém, nem yanomamis.
NS-B: Você sabe quem queimou a comunidade?
Júnior :Não sabemos quem queimou a comunidade deles entendeu? E não sabemos porquê queimaram a comunidade deles, né. Essa é a nossa dúvida, a gente não tem nenhum acesso de conversar com eles…porque os garimpeiros estão controlando eles.
Lá é uma área de muito risco, porque os garimpeiros já dominaram. Existem mais de dez, doze mil garimpeiros naquela região. e por isso eu também não voltei lá para ouvir realmente o que aconteceu,
segundo informações, a comunidade esta com malária. Os próprios garimpeiros mandam fotos que estão doentes, então por isso a saúde não vai, porque tem medo também. É muito longe, sem comunicação, quem tem comunicação são os garimpeiros.
NS_B: Existe um relatório da associação Yanomami que é o” Yanomami sob ataque”, a polícia está investigando as denúncias contidas nesse ?relatório?
Júnior: Sim, nós temos o relatório, relatório que os yanomamis fizeram,tem muitos relatos de outras regiões, tem muita violência.
Contra a mulher, principalmente com as meninas de 12, 13, 14 anos, essas meninas já estão grávidas dos garimpeiros, já tem filhos que nasceram.
Eu vejo muito isso, eu ando muito nessas comunidades, é muito triste e a Polícia Federal está investigando, está tendo muito resultado. Fizeram uma operação onde bloquearam o dinheiro dos grandes empresários, milhões de reais, helicóptero que apoiava o garimpo.
Liderança Yanomami pede justiça
NS-B: Você acha que vai ser feita justiça nesse caso? E por todas as outras denúncias?
Júnior: Então, nós denunciamos né, para a justiça e Ministério Público Federal, com certeza tem que ter… precisamos desses resultados.
NS-B: Você acha que a divulgação na mídia é importante para cobrar esses resultados?
júnior: Sim, com certeza! Essas divulgações sobre os indígenas Yanomamis são muio importante porque, isso não é segredo né, que já todas as autoridades , MPF, PF sabem a real situação da terra indígena Yanomami, que está sofrendo muito, então diretamente, a saúde afetou.
Asaúde Yanomami em colapso, não tem remédios, a saúde indígena está na mão dos militares, mal administrada, então, malária aumentando, desnutrição por causa do garimpo né, porque o povo Yanomami está bebendo água suja, contaminada, então por isso estamos sofrendo muito, muito mesmo.
NS-B: Qual o papel do Condisi YY para as comunidades indígenas?
Júnior: O Conselho Distrital de Saúde Indigena foi criado em 2003, sobretudo para poder acompanhar e fiscalizar a assistência de saúde nas comunidades, garantir assistência médica, para acompanhar recurso, e também fiscalizar território.
O papel do Condisi é muito restrito, mas também faz parte do governo, e os presidentes são eleitos e dividem em indígena e não indígena.
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Neste sábado (04/06) ocorreu a o diálogo sobre o contexto territorial, as repercussões na saúde individual, familiar e a implementação do Sistema de Atenção á saúde indígena Yanomami. Os participantes do debate discutiram sobre os impactos da presença dos garimpeiros no território Yanomami.
Juntamente com A pesquisadora Amanda Cavalcante como moderadora, o professor Dr. Leonardo Barros, Dario Kipenawa Yanomami, da associação Hutukara e Júnior Hekurara, presidente do Conselho de Saúde, eles analisaram maneiras de tirar os garimpeiros das áreas demarcada
. Dessa forma trazer, finalmente paz e tranquilidade ao povo Yanomami.
