VITÃO E A CULTURA DO CANCELAMENTO NA INDÚSTRIA ARTÍSTICA
Nesta semana, 5 de maio, Victor Carvalho Ferreira, mais conhecido como Vitão, lançou seu mais novo clipe “Declaração” , nela, o artista pôde transmitir um pouco da profundidade de seus sentimentos para o público que o acompanha.
Vitão em seu novo clipe “Declaração” (Foto: Youtube)
Em uma entrevista, Vitão afirmou que fez a música pensando em outra pessoa, quando na verdade estava falando dele mesmo. “[…] Quando eu canto comigo mesmo é terapêutico. Antes de tudo sempre foi eu e meu violão. Ele é como se fosse uma extensão do meu corpo”.
(Foto: Reprodução/ Revista Quem)
Durante essa semana, Vitão sofreu ataques por ter dito abertamente no Twitter que vinha se sentindo cada vez melhor utilizando maquiagem.
(Foto: Twitter)
“Tenho percebido que me maquiar é muito mais que apenas usar maquiagem, tem um significado muito maior. Se torna uma comunicação, uma luta pelo “poder ser e existir” como se tem vontade, isso para todos, raça humana, vai além de sexualidade, gênero ou qualquer outra divisão. “
No entanto, muitas pessoas prestaram atenção apenas no fato da sexualidade, e não ligaram para todo o talento do artista: “Eu sou músico, pra quem não sabe, lancei uma música hoje, inclusive, e está todo mundo falando só sobre se eu sou gay ou não, ao invés de ouvir minha música. E talvez ouvindo minha música você entenda muito mais a verdade. [...]”
Vale a pena lembrar que, em setembro de 2020, o músico foi alvo de ataques de haters após assumir namoro com a cantora e compositora Luísa Sonza. Em entrevista, afirmou que após o ocorrido chegou a sofrer com quedas de cabelo.
(Foto: TNH1)
“Tive queda de cabelo por estar nesse momento emocionalmente instável. Falavam que iam raspar meu cabelo, coisas do tipo. E o cabelo é a minha força, uma carta na manga, uma característica forte em mim. Esse ódio todo mexeu com essa parte da minha autoestima e é algo que eu ainda venho recuperando.”
Além de Vitão, há diversos exemplos de artistas que foram cancelados, por diversos motivos, dentre eles: Anitta, Karol Conká, Nego do Borel, Viih Tube e Carlinhos Maia.
Karol Conká chegou ao estopim da situação, e após sair do BBB21, as críticas e ameaças foram direcionadas não só apenas para ela, como também para seu filho, que chegou a sofrer diversos ataques racistas por internautas.
A partir do momento que os comentários extremamente nocivos são direcionados a pessoa, esta pode ser afetada psicologicamente, e não sabemos o quanto… Afinal, apesar de todo o erro cometido, não deixam de serem humanos e de ter uma família. Desta forma, não merecem ameaças de morte, ataques racistas, xenofóbicos, homofóbicos ou de qualquer outro tipo.
Com situações como essa, torna-se uma obrigação pararmos para nos perguntar qual é mesmo o limite da cultura do cancelamento dentro da sociedade. Pode-se concluir que enquanto uma sociedade, situações semelhantes implicam tanto dentro de nossas vidas como “pessoas comuns”, como na vida de artistas (não importando de que âmbito sejam).
Torna-se de extrema importância que saibamos quando conseguimos chegar ao ponto de não darmos atenção nem ao mesmo para o que o artista vem produzindo de qualidade em sua carreira, mas sim para a sua sexualidade (que não vem a afetar em nada na carreira artística, sendo algo do indivíduo). Se tem uma lição que é possível retirar de todo o assunto, é que o respeito deve ser sempre uma resposta, e que a empatia deve ser utilizada todos os dias, e não apenas quando for conveniente.