Educação

Professora liga tatuagens de aluna negra à escravidão

O caso ocorreu na última quarta-feira (22) em uma faculdade particular em Vitória (ES). A professora, que dá aula de comunicação e cultura, teria feito críticas às tatuagens de uma aluna negra, alegando que são coisas de presidiários e ligadas à escravidão.

A repercussão se deu quando a aluna Carolina Bittencourd publicou vídeos no Instagram relatando o caso. A jovem, chorando, disse que havia acabado de passar por um episódio de preconceito cometido pela professora Juliana Zucculotto, 61, do Centro Universitário Faesa.

“Ela citou sobre tatuagem e começou a falar da origem dela, que veio do presidiário, da prisão. Estou muito nervosa, não estou nem conseguindo falar direito, porque eu acabei de sair da sala. Ela falou que era muito feio tatuagem, e mais feio ainda para quem tinha a pele negra e que parecia pele encardida”, contou Carolina no vídeo.

A Polícia Militar foi acionada e compareceu na unidade de ensino. Por meio de nota, a PM afirmou que a aluna entrou em contato com a equipe, e que durante a aula a professora pediu para que aqueles que tivessem tatuagem levantassem a mão. 

“E após ela [a estudante] levantar, a mulher teria citado suas características físicas e dito que tatuagem em pele negra parecia encardido e que, também, jamais faria tatuagem nela, pois as marcas seriam coisas de escravos e ela não era escrava”, diz a PM, em nota enviada ao Uol.

A professora foi ouvida pela PM, e alegou que teria sido mal interpretada pela aluna quanto ao assunto das tatuagens. A aluna registrou um boletim de ocorrência contra a professora.

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Professora liberada sob fiança

O crime de injúria racial prevê pena de até dois anos de prisão. Uma fiança foi arbitrada pela autoridade policial, conforme artigo 322 do Código de Processo Penal.

A Polícia Civil afirmou em nota que a professora foi “liberada para responder em liberdade, após o recolhimento da fiança. O caso seguirá sob investigação”.

O Centro Universitário Faesa declarou que repudia todo e qualquer ato ou manifestação discriminatória e preconceituosa. Afirmou que qualquer manifestação contrária a esse posicionamento é ato individual, isolado, e não condiz com a política da instituição.

“A instituição informa que iniciou uma apuração dos fatos ocorridos na manhã desta quarta-feira (22/06) e um processo administrativo foi aberto para análise do caso e adoção das providências necessárias”, afirmou a instituição.

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Protesto dos alunos

A universidade FAESA repudiou o acontecimento (Foto: Reprodução/Folha Vitória)

Após o episódio dentro da sala de aula, muitos alunos deixaram de ir à faculdade na manhã de ontem (23). Uma das testemunhas do caso, uma jovem de 19 anos, disse que os colegas estão abalados com toda a situação.

“Em respeito à própria Carolina, ficamos acertadas que não iríamos comentar o caso com a imprensa. Porém, a situação aconteceu e estamos todos muito abalados com tudo isso. Essa mesma professora tem costume de fazer comentários pesados durante a sua aula”, disse a estudante de design de modas, que preferiu não ser identificada.

A reportagem tentou durante toda a manhã contato com a vítima e a professora, mas elas não atenderam às ligações e também não responderam às mensagens.

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Revisão: Rosângela Oliveira

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