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Memorial Brumadinho é exemplo para ucranianos em discussão sobre memórias traumáticas 

Comitiva da Ucrânia visita Memorial das vítimas do rompimento de 2019 em busca de estratégias de reconstrução social em meio à guerra. 

Em destaque:

  • Uma comitiva de pesquisadores e representantes de direitos humanos da Ucrânia visitou o Memorial Brumadinho em busca de referências para lidar com desastres e memórias traumáticas da guerra.
  • O Memorial, aberto em janeiro de 2025, foi criado por familiares das vítimas do rompimento da barragem e homenageia as 272 vidas interrompidas.
  • O espaço promove reflexões sobre temas como mineração, meio ambiente e direitos humanos por meio de exposições, pesquisas e ações educativas gratuitas.
  • Durante a visita, os ucranianos conheceram o Centro de Referência do Memorial Brumadinho e dialogaram com a Avabrum — Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho — e o Instituto Cordilheira sobre avanços jurídicos e sociais.
  • O objetivo da visita foi trocar experiências para aplicar no processo de reconstrução da Ucrânia, fortalecendo ações conjuntas e intercâmbios com o Brasil.
  • Desembargadores do TJMG apresentaram à comitiva ucraniana o modelo jurídico construído após os rompimentos das barragens em Mariana e Brumadinho.

Brumadinho, 17 de outubro de 2025 – Na última segunda-feira, 13, um grupo de pesquisadores e representantes de instituições de direitos humanos da Ucrânia visitou o Memorial Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A comitiva internacional esteve no museu-memorial em busca de formas de lidar com memórias traumáticas e de exemplos para o enfrentamento aos desastres decorrentes da atual guerra contra a Rússia. 

Aberto em janeiro de 2025, o Memorial Brumadinho foi construído a partir da reivindicação de famíliares das vítimas do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, em 2019, que causou a morte de 272 pessoas. Situado no local do rompimento, o museu-memorial abriga um bosque com ipês amarelos em homenagem a cada uma das vítimas fatais, um espaço meditativo, uma escultura-monumento, salas expositivas e um espaço dedicado à guarda digna e honrosa dos segmentos corpóreos das vítimas. 

Com visitação gratuita e uma programação ativa de mediação cultural, o espaço busca, a partir de exposições, produção de acervo, pesquisa e ações educativas, mobilizar reflexões sobre temas como mineração, meio-ambiente e direitos humanos, para que tragédias como essa não se repitam.

A comitiva ucraniana foi recebida pela diretora presidente da Fundação Memorial de Brumadinho, Fabíola Moulin, pela diretora vice-presidente da instituição, Vanessa Vieira, e por educadores do Memorial Brumadinho. O grupo também conversou com a diretoria da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum) e com o Instituto Cordilheira sobre os avanços jurídicos e sociais obtidos desde 2019. 

A delegação ucraniana foi composta por Roman Romanov, diretor do Programa de Direitos Humanos e Justiça da International Renaissance Foundation; Nataliia Handel, pesquisadora da Academia Nacional de Ciências Jurídicas da Ucrânia; Masha Lisitsyna, pesquisadora associada à Johns Hopkins University (EUA); além de Olena Pelykh, Solomia Baran e Sofia Kosarevych. A visita foi articulada pela ONG Justiça Global, representada por Beatriz Dantas e Melisanda Trentin.

Antes de chegar a Brumadinho, o grupo foi recebido pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), onde desembargadores apresentaram o modelo jurídico construído após os rompimentos das barragens em Mariana e Brumadinho. A comitiva também conheceu o Núcleo de Acompanhamento de Reparações por Desastres do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), para compreender as estratégias de responsabilização e monitoramento das ações após o rompimento. 

O objetivo das visitas é buscar referências para os processos de reconstrução da Ucrânia, afetada pela guerra desde 2022. A expectativa é que o diálogo se desdobre em novas ações conjuntas voltadas à defesa dos direitos humanos e à promoção de políticas de reparação em contextos de conflito e desastre. Além disso, o encontro pode estabelecer um intercâmbio entre instituições ucranianas e brasileiras, com o objetivo de compartilhar metodologias, experiências e estratégias de reconstrução social.

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