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ELA – Encontro Latinoamericano de Teatro chega à 5ª edição com programação realizada por artistas 50+ 

A partir do tema “pluralidades e dissidências 50+”, o festival deste ano reúne espetáculos com reflexões sobre gênero, envelhecimento, acessibilidade, representatividade, memória, identidade, além de mesas de debate, encontros e um Cabaré de variedades 50+. As apresentações acontecem na Funarte MG e no C.A.S.A. – Centro de Arte Suspensa e Armatrux 

ELA – Encontro Latinoamericano de Teatro está de volta, agora em sua 5ª edição, com participação de artistas acima dos 50 anos, expoentes das mais variadas vertentes teatrais do Brasil, Argentina e Equador. A programação reúne, de 1º a 5 de outubro, quarta a domingo, espetáculos selecionados a partir do recorte “Pluralidades e dissidências 50+”. Em cena, reflexões sobre gênero, envelhecimento, acessibilidade, representatividade, memória e identidade. O evento traz ainda mesas de discussão, encontros e um Cabaré de variedades 50+, conduzido pela atriz e palhaça do Grupo Trampulim, Adriana Morales. 

A 5ª edição do ELA – Encontro Latinoamericano de Teatro, sob a curadoria de Tina Dias, Cris Aguiar e Carolina Correa, conta com o apoio do Iberescena e a realização da Funarte – 50 anos. Toda programação acontece na Funarte MG (Belo Horizonte) e no C.A.S.A. – Centro de Arte Suspensa e Armatrux (Vale do Sol / Nova Lima). Os ingressos para os espetáculos custam R$20 e 10 (meia-entrada) e estão à venda na plataforma Sympla: na sympla. As demais atividades da programação são gratuitas. Mais informações: @latinoamericanoteatro.

Idealizado em 2015 pelas artistas Tina Dias e Carolina Correa, o ELA nasce em Minas, mas desde o início, dialoga com várias partes da América Latina. “Criamos com o objetivo de ser um espaço internacional de intercâmbio e visibilidade para grupos que estão em intensa produção, mas fora dos grandes circuitos, ampliando assim as possibilidades de circulação e reafirmando a relevância do teatro como lugar de reflexão, diversidade e resistência”, comenta uma das curadoras, a atriz Carolina Correa.

Sobre o tema desta edição, Pluralidades e dissidências 50+, a curadora Carolina Correa explica que o recorte foi pensado a partir de corpos e trajetórias que ainda sofrem com silenciamentos e exclusões, dentro e fora das artes. “Num momento em que o debate sobre diversidade e acessibilidade ganha força, é urgente criar espaços que reconheçam e valorizem artistas que, pela idade, gênero ou condição social, foram historicamente marginalizados”, comenta. Também na equipe de curadoria, Cris Aguiar acrescenta que, nesta edição, “além do reconhecimento das trajetórias e violências sofridas, queremos também colocar em evidência a potência artística das pessoas 50+”, diz.

Segundo a atriz e gestora cultural Tina Dias, que completa o trio curatorial, a proposta deste ano é de uma inversão na lógica comum sobre as pessoas 50+. “São elas que estão hoje mais ativas e presentes nas políticas públicas, liderando movimentos, participando em decisões e mostrando um compromisso enorme com a transformação social. Enquanto muitas vezes se tenta associar a juventude à ação e a maturidade ao recuo, vejo exatamente o contrário: as pessoas 50+ são as que têm colocado corpo, experiência e voz na construção de um futuro mais justo”, contextualiza.

PROGRAMAÇÃO

Na abertura do ELA, está o Quimera” (Equador) – fábula política e poética sobre fronteiras, identidades e pertencimento, criada pelo histórico Grupo La Trinchera e dirigida por Nixon García Sabando. Na trama, dois soldados impedem que artistas de circo itinerante cruzem a fronteira. Um espetáculo que aborda a noção de limites, migrações e muros invisíveis. 

“La Trinchera é um dos grupos de teatro mais importantes do Equador, fundado em 1982 na cidade de Manta.  Nesses anos, conseguiu transformar a cidade de Manta num verdadeiro ponto de referência internacional para o teatro e a dança, sobretudo com a realização do Festival Internacional de Teatro de Manta e do Encuentro Internacional Manta por la Danza. Inspirador, porque não se limitam a apresentar espetáculos, mas formam jovens e abrem as portas do seu Centro de Artes à comunidade. Um exemplo claro de como a arte pode mudar pessoas e comunidades”, comenta Tina Dias.

Em Contadoras de Filmes (BH, Brasil), uma menina tem um talento raro para contar filmes. Em cena, a atriz Myriam Nacif (Grupo Atrás do Pano) faz uma ode à oralidade e à resistência feminina, baseada na obra de Hernán Rivera Letelier. Um espetáculo que valoriza a potência da palavra como herança cultural e a forma como reinscreve o feminino na cena latinoamericana. Já em “Menino do Olho que Vê” (BH, Brasil) – solo de Dudu Melo – apresenta a perspectiva da deficiência visual como potência artística. O artista fundador da Pigmentar Companhia traz ao público um trabalho delicado que transforma suas memórias de infância em experiência coletiva, ampliando os sentidos do espectador. 

Inspirado no poema homônimo de Marcial Ávila, Isidoro: um negro de quilate” (BH, Brasil), revive a trajetória de resistência de Isidoro Amorim, um faiscador negro escravizado que usou sua notória habilidade de encontrar ouro para comprar a própria liberdade e a de muitos outros. Na peça, o ator, pesquisador da cultura afro-brasileira, percussionista e professor de dança afro, Evandro Passos, resgata a história de resistência negra em Minas Gerais, dando protagonismo a narrativas invisibilizadas.

Dirigido por Denise Groesman e Agostina Luz López, o espetáculo Animal Anterior” (Argentina) conta a história das mudanças fisiológicas no corpo da atriz Silvia Estrin, uma mulher de 75 anos que está em metamorfose: deixando de ser um corpo humano para se tornar um réptil. Uma obra que reflete sobre envelhecimento, reinvenção e novos modos de existência.

Em Mirta, uma biografia não autorizada (Argentina), o público assiste a um encontro entre mãe e filho, em cena. Mirta é uma lutadora de 78 anos que pedalou pela vida em meio a caminhões, ventos contrários e o olhar preconceituoso da sociedade. Juan Manuel é seu filho, o diretor desta obra artística que explora os interstícios da intimidade de sua mãe. Na trama, Drogas, teatro, bicicletas, vinho tinto e a vida após a morte desta autobiografia não autorizada da própria protagonista. 

Outro destaque da programação é Outono” (BH, Brasil), solo da atriz e diretora Cida Falabella, dirigido por Cris Tolentino, que reflete sobre envelhecer como mulher e artista. Uma obra de caráter sensível e político, que amplia o espaço de fala das mulheres 50+ e coloca o corpo maduro no centro da cena.

exercício cênico “Envelhecer traz uma crítica, irônica e bem-humorada, de como a sociedade enxerga a pessoa idosa. No palco, o Grupo Maturidade em Cena – coletivo formado por mulheres acima de 60 anos, dirigido por Talita Braga (Zula Companhia de Teatro) -, apresenta ao público situações de preconceito vivenciadas pelas atrizes, diariamente. 

Conduzido pela artista e puro carisma Adriana Morales (Grupo Trampulim), o Cabaré de variedades 50+ é outro destaque da programação. A ação propõe uma noite festiva, irreverente e cheia de surpresas com artistas 50+ que se apresentam em números de humor, música, poesia, circo e teatro, celebrando a maturidade como potência criativa.  

Além dos espetáculos, o festival traz mesas de debate para criar espaços de troca, em que artistas 50+ compartilham experiências e legados, reforçando a ideia de que envelhecer em arte é resistência e potência criativaNa roda de conversa “Estamos Aqui – Coexistências”, artistas e gestoras/es culturais 50+ discutem a potência da geração que segue ativa na cena artística e nas políticas culturais. Já na mesa “O Fio dos Saberes” a proposta é promover um encontro sobre coletividade, memória e formação contínua, trocando experiências e afetos que atravessam vivências nos processos criativos e de aprendizagem, valorizando oralidades e práticas, pertencimento e compartilhamento de legados.

SERVIÇO

5º ELA – Encontro Latinoamericano de Teatro

@latinoamericanoencontro

espetáculos – mesas de debate – cabaré de variedades

Funarte MG (Rua Januária, 68 – Centro / Belo Horizonte)

C.A.S.A. – Rua Himalaia, 69 – Vale do Sol / Nova Lima

Ingressos para os espetáculos a R$20 e R$10 (meia) na Sympla

As demais atividades da programação são gratuitas

1º de outubro, quarta

20h – Espetáculo Quimera (EQUADOR)

Com Grupo La Trinchera | Direção: Nixon García Sabando

Local: Funarte MG

2 de outubro, quinta

19h – Espetáculo Contadoras de Filmes (BH – Brasil)

Com Grupo Atrás do Pano | Direção: Fábio Furtado

Local: Funarte MG

20h – Espetáculo Quimera (EQUADOR)

Com Grupo La Trinchera  | Direção: Nixon García Sabando

Local: Funarte MG

3 de outubro, sexta

17h – Mesa 1 “Estamos Aqui – Coexistências”

Local: Funarte MG

19h – Espetáculo ISIDORO: um negro de quilate (BH – Brasil)

Com Evandro Passos e Do Xangô | Direção Artística: Evandro Passos

Local: Funarte MG

20h – Espetáculo O Menino do olho que vê (BH – Brasil)

Com Dudu Melo (Pigmentar Companhia) | Direção: Adriana Dham

Local: Funarte MG

4 de outubro, sábado

15h – Mesa 2 – “O Fio dos Saberes”

Local: C.A.S.A

17h – Exercício cênico “Envelhecer” 

Com Maturidade em Cena | Idealização e direção: Talita Braga  

Local: C.A.S.A

19h – Espetáculo: Animal Anterior (ARGENTINA)

Com Silvia Estrin | Direção: Denise Groesman e Agostina Luz López

Local: C.A.S.A

20h – Cabaré de Variedades 50+, conduzido por Adriana Morales (Trampulim)

Local: C.A.S.A

5 de outubro, domingo

19h – Espetáculo: Mirta, Una Biografía No Autorizada (ARGENTINA)

Com Teatro Bahía | Direção: Juan Manuel Caputo

Local: Funarte MG

20 – Espetáculo Outono (BH – BRASIL)

Com Cida Falabella | Direção: Cristina Tolentino

Local: Funarte MG

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