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Casa Fiat de Cultura inaugura exposição do artista remanescente quilombola André Felipe Cardoso e apresenta a memória dos rios e a resistência do cerrado 

Mostra reúne dez obras do artista André Felipe Cardoso, que combinam pintura, cestaria e palavra como tramas visuais que atravessam memória, resistência e paisagem sertaneja

Entre as margens dos rios e os trançados de fibras vegetais, a memória se inscreve na paisagem e atravessa o corpo. É nesse fluxo entre o visível e o ausente que se estrutura a exposição “Água mansa, vista brava”, do artista goiano André Felipe Cardoso. Em cartaz na Casa Fiat de Cultura entre 10 de junho e 27 de julho de 2025, a mostra reúne dez obras que propõem uma reflexão sensível sobre as relações entre corpo, território e água, a partir de rituais ancestrais ligados aocerrado brasileiro.As obras combinam trançados, intervenções sobre imagens e escrita como formas de resistência e presença. A exposição foi escolhida no 8º Programa de Seleção da Piccola Galleria e terá sua abertura marcada por um bate-papo com o artista, seguido de visita mediada pela galeria, no dia 10 de junho, às 19h, na Casa Fiat de Cultura. Toda a programação é gratuita.

Remanescente quilombola da região Norte de Goiás, André Felipe Cardoso traz para o espaço expositivo um conjunto de trabalhos que entrelaçam linguagens como pintura, fotografia, colagem, cestaria e texto. Sua pesquisa parte da relação íntima com as paisagens do seu estado, especialmente os vales do Lago Serra da Mesa, do Rio Vermelho e do Rio Araguaia, para ativar memórias aquáticas e construir uma narrativa sobre as transformações que marcam esse bioma. “Como nasci na região da Chapada dos Veadeiros, essas questões são muito fortes para mim”, ressalta o artista.

Desenvolvidas ao longo de cinco anos, as dez obras tensionam o vínculo entre a memória individual e coletiva, evocando práticas tradicionais do trançado, do uso ritual das águas e da resistência das comunidades locais. André conta que o título da exposição faz referência ao contraste entre as correntezas brandas, típicas do Cerrado, e o olhar atento de quem observa as mudanças provocadas pela ação humana e pelas alterações climáticas. “Não temos cursos aquáticos muito fortes no Centro-Oeste. Mas, ao mesmo tempo, temos a vista afiada de quem está à margem desses cursos hídricos”, esclarece.

Com estruturas produzidas a partir de fibras vegetais, que conectam técnicas ancestrais de cestarias, e intervenções sobre imagens antigas retiradas do livro Encantos do Oeste (1945), de Agenor Couto de Magalhães, o artista constrói dispositivos visuais que remetem a peneiras, redes e folhas: objetos que são, ao mesmo tempo, formas familiares e metáforas sobre passagem, filtragem de memórias e permanência no território. Para André, “tecer à mão” é também um gesto político, um modo de organizar as memórias sertanejas, de manifestar o vínculo com o campesinato e de refletir sobre as formas de intervenção na paisagem.

O artista Jan Araújo, que assina o texto curatorial da mostra, destaca que as obras não retratam, mas refratam o campo, transformando-se em prismas trançados através dos quais se vislumbram pequenos reflexos do “avesso do céu”: matas ciliares, palmeiras-índice, rios vermelhos e azuis, marcas e borrões que alteram o funcionamento do espaço e evocam tanto a beleza quanto a degradação do Cerrado.

A exposição “Água mansa, vista brava” é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com o patrocínio da Stellantis, da Fiat, copatrocínio da Stellantis Financiamentos, do Banco Stellantis, do Banco Safra e da Sada. A mostra tem apoio institucional do Circuito Liberdade, além do apoio do Governo de Minas e do Programa Amigos da Casa.    

Abertura

Para marcar a abertura da exposição, no dia 10 de junhoterça-feira, às 19h, André Felipe Cardoso convida o público para um bate-papo na Casa Fiat de Cultura. O artista irá contar sobre o seu processo de criação, inspirações e técnicas utilizadas, além de revelar suas pesquisas sobre o imaginário e suas memórias. Após o bate-papo, haverá uma visita mediada à exposição. Os interessados em participar podem se inscrever gratuitamente pela Sympla

André Felipe Cardoso

André Felipe Cardoso vive e trabalha no Quilombo Alto Santana em Goiás (GO). Entre as principais exposições coletivas que participou estão: A Fonte Deságua na Floresta, Residência Fonte, São Paulo-SP (2024); Um Só Corpo, Museu Nacional da República, Brasília-DF (2024); Abrir Horizontes, Centro Cultural Octo Marques, Goiânia-GO (2023); Conexão, Pouso, Decolagem – Casa Voa 5 anos, Espaço Cultural dos Correios de Niterói, Niterói-RJ (2023); 26° Salão Anapolino de Arte, Galeria Antônio Sibasolly, Anápolis-GO (2022); Para Onde Foi A Espessura Da Carne?, Museu Nacional da República, Brasília-DF (2022), I Like South America South America Likes Me, Belmacz, Londres-UK (2021); Escalas Invertidas, Museu de Arte de Goiânia, Goiânia-GO (2021); Ressetar, Museu da Diversidade Sexual, Paulo-SP (2020); 24° Prêmio Sesi Arte Criatividade, Vila Cultural Cora Coralina, Goiânia-GO (2019). Participou das residências artísticas Bolsa Pampulha, Museu de Arte da Pampulha + Viaduto das Artes, Belo Horizonte-MG (2024); Resiliência – arte e agricultura, Silo Arte e Latitude Rural, Resende-RJ (2023); Residência Fonte, Fonte, São Paulo-SP (2022); Estância Central, Casa Voa, Rio de Janeiro-RJ (2020).

Piccola Galleria   

O espaço é destinado a artistas da cena contemporânea e foi criado em 2016, com o intuito de incentivar a produção nacional e internacional. Os artistas são selecionados por uma comissão de especialistas, que, nesta 8ª edição, contou com Genesco Sousa, professor da Escola de Design da UEMG, artista e pesquisador; Maria Eduarda Marques, curadora independente, doutora em história social da cultura e escritora; e Iuri Sarmento, artista visual. O processo se realizou 100% online, de modo a facilitar a inscrição de pessoas de todo o Brasil. No total, mais de 200 trabalhos foram enviados, e a avaliação dos jurados também se deu no formato virtual.  

A proposta é apresentar e destacar trabalhos inéditos – pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, fotografias, instalações, performances e/ou videoarte – de artistas locais, brasileiros ou estrangeiros. Além de André Felipe Cardoso, outros cinco artistas foram selecionados na 8ª edição, e serão exibidos na programação de 2025/2026.

As exposições selecionadas contam com ações do Programa Educativo, desenvolvidas em conjunto com a curadoria de cada mostra. São realizadas visitas mediadas para públicos agendados e espontâneos, além de ações especiais de comunicação em todos os canais da Casa Fiat de Cultura. A mediação é feita com recursos de acessibilidade, para ampliar o acesso do público e a visibilidade dos artistas. 

Nas sete edições já realizadas, o Programa de Seleção da Piccola Galleria apresentou o trabalho de 40 artistas, abrigou mais de 450 obras e recebeu um público de 500 mil pessoas. A sala expositiva é um ambiente dedicado às artes visuais e sua criação marcou os 10 anos da Casa Fiat de Cultura. Situada ao lado do painel “Civilização Mineira”, de Candido Portinari, no hall principal da Casa Fiat de Cultura, o pequeno recinto é destinado a exposições de curta duração, mas com toda a visibilidade que a instituição enseja. Local intimista e com grande circulação de público, conta com a chancela da Casa Fiat de Cultura e do Circuito Liberdade, um dos mais importantes corredores culturais do país.  

Casa Fiat de Cultura  

A Casa Fiat de Cultura cumpre importante papel na transformação do cenário cultural brasileiro, ao realizar prestigiadas exposições. A programação estimula a reflexão e interação do público com várias linguagens e movimentos artísticos, desde a arte clássica até a arte digital e contemporânea. Por meio do Programa Educativo, a instituição articula ações para ampliar a acessibilidade às exposições, desenvolvendo réplicas de obras de arte em 3D, materiais em braille e atendimento em libras. Mais de 90 mostras, de consagrados artistas brasileiros e internacionais, já foram expostas na Casa Fiat de Cultura, entre os quais Caravaggio, Rodin, Chagall, Tarsila, Portinari entre outros. Há 19 anos, o espaço apresenta uma programação diversificada, com música, palestras, residência artística, além do Ateliê Aberto – espaço de experimentação artística – e de programas de visitas com abordagem voltada para a valorização do patrimônio cultural e artístico. A Casa Fiat de Cultura é situada no histórico edifício do Palácio dos Despachos e apresenta, em caráter permanente, o painel de Portinari, Civilização Mineira, de 1959. O espaço integra um dos mais expressivos corredores culturais do país, o Circuito Liberdade, em Belo Horizonte. Mais de 4,5 milhões de pessoas já visitaram suas exposições e 700 mil participaram de suas atividades educativas.

SERVIÇO  
Exposição “Água mansa, vista brava”, de André Felipe Soares, na Casa Fiat de Cultura  
Período expositivo: 10 de junho e 27 de julho de 2025
Visitação presencial: terça-feira a sexta-feira das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h (exceto segundas-feiras)
Tour virtual no site: www.casafiatdecultura.com.br   

Toda programação da Casa Fiat de Cultura é gratuita

Casa Fiat de Cultura   
Praça da Liberdade, 10 – Funcionários – BH/MG 
Circuito Liberdade

Horário de Funcionamento
Terça-feira a sexta-feira, das 10h às 21h  
Sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h   

Informações  
www.casafiatdecultura.com.br   
casafiatdecultura@stellantis.com  
facebook.com.br/casafiatdecultura  
Instagram: @casafiatdecultura  
X: @casafiat  
YouTube: Casa Fiat de Cultura  

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