Belo-horizontinos perdem, em média, R$ 1,6 mil em golpes financeiros
Pesquisa da CDL/BH mostra que, além do prejuízo financeiro, as vítimas enfrentam cobranças indevidas, cancelamento de cartões e, até mesmo, impactos psicológicos. Hábitos de prevenção, como troca recorrente de senhas, é pouco difundido Foto: Bruno Peres/Agência Brasil |
O valor médio perdido por moradores de Belo Horizonte que caíram em golpes financeiros chega a R$ 1.638,24, segundo pesquisa realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH). O levantamento mostra ainda que, entre as vítimas que conseguiram recuperar parte do prejuízo, a média restituída foi de R$ 1.430. Ainda que boa parte do valor seja recuperado, as vítimas afirmam que outras consequências dos golpes são cobranças indevidas, acionamento da Justiça, nome negativado, bloqueio e cancelamento de cartões e/ou dados bancários, impactos psicológicos, perda no número de telefone e excesso de ligações.
“O prejuízo financeiro é apenas parte do problema. Os golpes deixam marcas que vão além do bolso, afetando a vida, a tranquilidade e, até mesmo, a dignidade das pessoas”, avalia o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.
Identificação de golpes e vendas ameaçadas
A frequência de tentativas de golpes tem deixado os consumidores atentos às características que identificam uma possível ação criminosa. Dentre os pontos observados estão links e números suspeitos, solicitação de dados bancários e pessoais, confirmação de informações em sites, erros gramaticais, pedidos de pagamentos antecipados e cobranças indevidas.
A desconfiança dos consumidores afeta, em especial, os comerciantes que realizam vendas virtuais, já que a pesquisa revela que 84% dos entrevistados afirmam que já desistiram de uma compra on-line por desconfiarem de uma farsa. Desse montante, 54,5% são mulheres e 33,7%, homens.
“A desconfiança gerada pelos golpes faz com que comerciantes sérios, que investem no digital para ampliar suas vendas, acabam sendo penalizados. Muitos consumidores deixam de comprar diretamente nas plataformas próprias das lojas, optando por marketplaces que oferecem mais segurança, mas reduzem significativamente a margem de lucro dos lojistas, por conta das taxas e comissões, além de menor controle na relação com o cliente”, destaca o dirigente.
Prevenção passa por conferência de extratos bancários e alteração constante de senhas bancárias
A pesquisa da CDL/BH mostra também as práticas de segurança dos belo-horizontinos, que incluem monitorar dados pessoais, trocar senhas regularmente e consultar o CPF.
Em relação à conferência frequente do extrato bancário, 42% afirmam que conferem de forma recorrente. Neste recorte, as mulheres (46,4%) são mais atentas que os homens (36%). Para proteger os aplicativos bancários e de investimentos financeiros, somente 26,5% afirmam que alteram as senhas de acesso entre três meses e um ano. Já 72,5% dizem nunca modificar.
Quanto ao monitoramento do CPF e dados pessoais, 52,5% afirmam monitorar. Em relação ao compartilhamento de dados pessoais e bancários em redes sociais, 89,5% dizem não compartilhar e 92% não informam suas senhas bancárias para amigos ou conhecidos.
Os belo-horizontinos afirmam que as estratégias utilizadas para evitar fraudes financeiras são: não compartilhamento de informações pessoais (22%), bloqueio de números desconhecidos (16,5%), desconfiança de promessas e propostas estranhas (15%), não clica em links suspeitos ou arquivos enviados por mensagens suspeitas (13%), pesquisa de informações (9%), não realiza compras on-line (6%).
“O monitoramento constante dos dados e a troca regular de senhas são atitudes simples que fazem a diferença na prevenção contra golpes. Além disso, ferramentas como as oferecidas pelo SPC Brasil dão ao consumidor mais segurança, permitindo acompanhar movimentações suspeitas e agir rapidamente em caso de fraude”, alerta Souza e Silva.
Na percepção dos belo-horizontinos, os motivos que contribuem para o aumento das tentativas de fraudes são o uso indevido de dados pessoais, falta de conhecimentos gerais e sobre finanças, impunidade e/ou penalidades brandas, permissividade da tecnologia na captação de dados, inocência das vítimas, facilidade de criação de perfis falsos nas redes sociais, má-fé de pessoas desonestas e falta de fiscalização dos crimes virtuais.
Seis em cada dez consumidores não têm formação sobre educação financeira
A pesquisa abordou o conhecimento dos belo-horizontinos em relação à educação financeira adquirida por meio de formações. Dentre os entrevistados, 65,5% afirmam não ter formação sobre o tema e 34% possuem. Os demais (0,5%) não souberam ou não responderam.
“A educação financeira vem se popularizando aos poucos, mas ainda está concentrada nos meios virtuais, o que precisamos é que o tema seja cada vez mais abrangente e, inclusive, seja ensinado nas escolas, como prevê o projeto de Lei 2747/24, que inclui a educação financeira como disciplina obrigatória no currículo da educação básica das escolas públicas e particulares do Brasil”, conclui Souza e Silva.