Alerta: decoração e alimentos de natal aumentam emergências com pets
Veterinária referência em Uberlândia orienta tutores sobre os principais riscos da época
À medida que as festas de fim de ano se aproximam, clínicas veterinárias em todo o país registram aumento significativo no número de emergências envolvendo cães e gatos. Em Uberlândia, a médica-veterinária Sirlei Manzan, que tem 34 anos de atuação — sendo 17 deles como cardiologista — e é responsável por uma das clínicas mais tradicionais da cidade, com 18 anos de funcionamento, reforça o alerta: o que torna a casa mais bonita também pode ser um perigo silencioso para os pets.
“O período festivo é lindo, mas a decoração que transforma o ambiente também oferece riscos sérios”, afirma Sirlei. “Ontem mesmo atendemos um gato que mordeu o fio do pisca-pisca e sofreu uma queimadura na boca. Isso acontece muito mais do que as pessoas imaginam.
Risco em alta: dados nacionais e internacionais confirmam o cenário
O Brasil possui entre 150 e 160 milhões de pets, segundo as principais entidades do setor, incluindo 60 milhões de cães e 30 milhões de gatos. Com tantos animais dentro dos lares, o Natal se torna uma época crítica.
Uma pesquisa nacional realizada pela Petlove com mais de 3 mil tutores revelou que 39% já perderam ou conhecem alguém que perdeu um animal devido ao pânico causado por estampidos de fogos no fim do ano. O dado reforça o quanto as festas turbinam o nível de risco para cães e gatos.
No exterior, a British Veterinary Association (BVA) também aponta tendência semelhante:
- 4 em cada 5 veterinários registram intoxicações em pets no período festivo;
- 76% relatam casos envolvendo chocolate;
- 69%, intoxicação por uvas-passas;
- 14% atendem pets que engoliram objetos de decoração;
- 12% registram ingestão de enfeites natalinos.
Decoração de natal: beleza que esconde perigos
Na rotina da clínica da Dra. Sirlei Manzan, acidentes envolvendo decoração se tornam mais frequentes todos os anos.
“Bolas de Natal quebram e causam cortes nas patas e na boca; gatos derrubam árvores inteiras; cachorros engolem enfeites minúsculos que podem perfurar o intestino”, explica. “Já realizamos endoscopia em um gato que engoliu fita de presente. Esses materiais são extremamente perigosos.”
Os principais riscos incluem:
- Choques elétricos ao morder fios de pisca-pisca;
- Engolir peças pequenas, como ganchos e miniaturas;
- Fitas de presente, capazes de causar obstruções intestinais graves;
- Bolas de vidro e ornamentos quebradiços;
- Queda da árvore de Natal.
Alimentos natalinos: perigos invisíveis na ceia
Além da decoração, a ceia representa outro conjunto de riscos.
“Chocolate, uvas-passas, panetone e até temperos como cebola e alho são tóxicos para cães e gatos. Mesmo pequenas quantidades podem levar à internação”, afirma Sirlei.
Dra Sirlei recomenda atenção especial a:
- Uvas e uvas-passas – podem causar insuficiência renal;
- Chocolate – intoxicação por teobromina, potencialmente fatal;
- Panetone e chocotone – contêm fermento, gordura e uvas-passas;
- Ossos cozidos – risco de perfuração intestinal;
- Temperos fortes – irritação gastrointestinal e anemia.
Como evitar acidentes com pets neste natal
- Proteja ou esconda fios elétricos;
- Priorize enfeites grandes e não cortantes;
- Fixe bem a árvore;
- Evite objetos de vidro;
- Não ofereça alimentos da ceia ao pet;
Em caso de ingestão de qualquer item suspeito, procure atendimento veterinário imediatamente.
Um natal seguro para toda a família
“A festa precisa ser boa para todo mundo, inclusive para os pets. Quando os tutores entendem os riscos, evitamos acidentes que poderiam estragar um momento de celebração”, reforça Dra. Sirlei Manzan.
Com informação e prevenção, cães e gatos podem aproveitar um fim de ano tranquilo e sem sustos.

