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Minas em diálogo com o mundo: artistas mineiros em mostra internacional 

Obra da artista itabirana Morgana Mafra, que integra a exposição VAZIOsobreTERRA. Crédito: Divulgação
A exposição “VAZIOsobreTERRA: cocriar como rota de fuga“, em cartaz no Museu de Arte de Belém (MABE) até 9 de fevereiro, reúne 35 artistas de mais de dez países para discutir os impactos da mineração e da crise climática sob perspectivas do Sul Global. Idealizada na África do Sul e apresentada pela primeira vez no Brasil durante a COP30, a mostra propõe diálogos sobre justiça ambiental, resistência e práticas regenerativas que emergem dos territórios mais afetados pela extração mineral. A mineira Isadora Canela, artista visual, ativista ambiental e cofundadora do Coletivo WEBS, assina a curadoria. Entre os destaques da participação mineira estão artistas cujas pesquisas dialogam diretamente com memória, impacto socioambiental e ancestralidade. Nascida em Belo Horizonte, Paula Sampaio, construiu uma trajetória marcada pela documentação fotográfica de migrantes, trabalhadores e comunidades que vivem às margens de grandes projetos de exploração, acumulando um dos acervos mais expressivos sobre transformações sociais e ambientais da região. A ativista, educadora e liderança indígena, Shirley Krenak, carrega em sua obra a força ancestral do povo Krenak, articulando arte, espiritualidade e pedagogias ambientais como caminhos para reconstruir vínculos com o território após a devastação do Rio Doce. A artista visual e pesquisadora originária do cerrado mineiro, Juji, investiga identidade, decolonialidade e impacto socioambiental, desenvolvendo obras que aproximam biomimética e processos de micro-regeneração. Também compõe o grupo a fotógrafa premiada internacionalmente, Isis Medeiros, retrata violações de direitos humanos e aprofundando pesquisas sobre a cadeia do lítio no Sul Global. Também a artista, Morgana Mafra, nascida em Itabira e residente em Belo Horizonte, que cria obras multilinguagem que atravessam dança, performance, audiovisual e instalação, explorando o peso simbólico e material de seu “chão de origem” minerado. Fechando o elenco, a artista visual e pesquisadora de solos antropogênicos, Sílvia Noronha, utiliza métodos alquímicos e científicos para transformar materiais como terra, vidro, resíduos eletrônicos e argila, investigando impactos humanos nos solos. A fotógrafa documental, pesquisadora e curadora, Rebeca Binda, desenvolve narrativas visuais que exploram as relações entre humanos e natureza, destacando a luta de comunidades tradicionais, com destaque para mulheres. Já a artista visual e pesquisadora, Ana Elisa Novais, contribui com sua investigação sobre a memória, plataformas e políticas de imagem, com foco nas disputas narrativas em torno do rompimento da barragem de Fundão, articulando arte e ativismo a partir de sua atuação no jornal A Sirene. Esses artistas somam suas produções às de criadores de diversos países, como Gana, Quênia, Zimbábue, África do Sul, Paquistão, Irã, Turquia e Alemanha, ampliando o diálogo sobre os efeitos da mineração e a urgência de imaginar ecologias vivas e coletivas. A mostra conta ainda com coletivos como Instituto Mundos, Janeraka Institute, Discoderiva, Amasonic e o Coletivo WEBS, idealizador do circuito. “VAZIOsobreTERRA” permanece em cartaz, com entrada gratuita, até dia 9 de fevereiro de 2026, de terça a sexta, das 9h às 14h, e aos domingos, das 9h às 13h, no Museu de Arte de Belém, na Cidade Velha.

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