Exageros de fim de ano elevam atendimentos médicos após festas e confraternizações
Especialista alerta para os riscos dos excessos comuns no período e orienta como aproveitar as celebrações sem comprometer a saúde
O período de festas de fim de ano, marcado por confraternizações, shows, viagens e encontros prolongados, também costuma trazer um reflexo direto para consultórios e emergências médicas. O aumento nos atendimentos não é coincidência nem mero acaso do calendário, mas resultado de uma combinação de fatores que colocam o organismo sob pressão.
Segundo o médico e professor Bruno Cavalcante, especialista em Clínica Médica, o corpo é submetido a uma rotina completamente diferente nessa época. “O fim de ano é um período em que o corpo é convidado a fazer horas extras sem aviso prévio. Dorme menos, come mais, bebe diferente, se expõe a calor, aglomerações e excessos emocionais”, explica. Ele reforça que, apesar de o organismo tentar compensar, há um limite. “Não é azar, nem coincidência. É fisiologia. O corpo não entra de férias quando o calendário muda.”
Problemas gastrointestinais lideram as queixas
Entre os principais motivos que levam as pessoas a buscar atendimento médico após festas e eventos estão os desconfortos gastrointestinais. Dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia e azia aparecem no topo da lista. Na sequência, surgem quadros de desidratação, queda de pressão, dores de cabeça, crises de ansiedade e palpitações.
O médico destaca ainda o aumento de infecções respiratórias, impulsionadas por aglomerações em ambientes fechados, além da piora de doenças crônicas. “Também vemos condições que estavam silenciosas o ano inteiro resolverem ‘aparecer’ justamente nesse período”, observa.
Grupos que precisam de atenção redobrada
Embora qualquer pessoa esteja sujeita aos efeitos dos excessos, alguns grupos exigem cuidados especiais durante as celebrações. Idosos, gestantes e pessoas com doenças cardíacas, diabetes, hipertensão, problemas renais, hepáticos ou respiratórios estão entre os mais vulneráveis.
No entanto, há um perfil frequentemente negligenciado: pessoas submetidas a estresse crônico, noites mal dormidas e rotinas intensas ao longo do ano. “Existe um grupo que acha que o corpo aguenta tudo. Esse costuma pagar um preço alto nas festas”, alerta o especialista. Para ele, o problema não está em uma exceção pontual, mas na soma dos descuidos. “O corpo tolera exceções. O que ele não tolera é a repetição.”
Quando o mal-estar deixa de ser normal
Nem todo desconforto após uma noite de festa é motivo de alarme, mas há sinais claros de que o corpo precisa de ajuda. Persistência ou piora dos sintomas, febre alta, dor no peito, falta de ar, vômitos contínuos, confusão mental, desmaios ou dor abdominal intensa são sinais de alerta.
“O corpo fala baixo no começo. Quando ele grita, geralmente é porque não foi ouvido antes”, resume o médico, reforçando a importância de não postergar a busca por atendimento quando os sinais fogem do esperado.
Dá para curtir sem adoecer
A boa notícia é que aproveitar as festas sem comprometer a saúde é totalmente possível. Para isso, o especialista recomenda atitudes simples, mas eficazes: alternar bebidas alcoólicas com água, respeitar o sono, evitar misturar excessos, comer com atenção e perceber os próprios limites.
“A festa não adoece ninguém. O que adoece é ignorar o próprio corpo”, afirma. Para ele, celebrar também é uma forma de cuidado. “Cuidar de si, curiosamente, costuma fazer a festa durar mais.”

