Procedimentos mal indicados envelhecem mais do que rejuvenescem, afirma fisioterapeuta dermatofuncional
Em meio ao crescimento acelerado do mercado de estética no Brasil, especialista alerta que a falta de avaliação clínica e preparo da pele faz com que toxina e preenchedores, em vez de rejuvenescer, acentuem rugas e falhas
Em um país que realiza mais de 3 milhões de procedimentos estéticos por ano, muitas vezes o fracasso não está no método, mas na indicação equivocada. Segundo a fisioterapeuta dermatofuncional Fabi Pinelli, os casos de pele fragilizada ou com cicatrizes evidenciam mais as falhas técnicas, e não os resultados esperados.
“O problema não é a toxina nem o preenchedor: é o uso antes da pele estar preparada. E, quando isso acontece, o que era para suavizar linhas acaba destacando falhas — a pele seca, flácida ou sensibilizada parece ainda pior”, explica Fabi Pinelli, fisioterapeuta dermatofuncional, proprietária do Spazio Pinelli em São Paulo.
O mercado brasileiro de estética movimentou cerca de R$ 48 bilhões em 2025, segundo dados da ABIHPEC — colocando o país entre os maiores consumidores do mundo. Somado a isso, projeta-se crescimento de US$ 41,6 bilhões até 2028 na área, de acordo com a Mordor Intelligence
No entanto, essa alta exponencial tem um lado preocupante: 61,3% das queixas recebidas pela Anvisa têm relação com procedimentos estéticos mal-sucedidos. Muitas vezes, isso acontece por falta de critérios técnicos e protocolos prévios de avaliação.
Fabi Pinelli destaca que a pressa por resultados estéticos — muitas vezes impulsionada por modismos nas redes sociais — pode comprometer a pele:
“Tratamentos como preenchedores e toxina botulínica ajudam muito, mas têm efeitos dependentes do estado da pele. Se ela está desidratada, com flacidez ou sem viço, o procedimento só vai contrastar ainda mais as cicatrizes ou irregularidades.”
Ela recomenda seguir um plano com etapas claras:
- Avaliação clínica: histórico médico, uso de medicamentos, hábitos de sono e hidratação.
- Tratamentos reparadores: hidratação intensiva, bioestimuladores, peelings suaves.
- Reavaliação: só aí indicar refinamentos estéticos.
“Na fisioterapia dermatofuncional, tratamos a pele como órgão — ela responde como um organismo, não como um vaso. Um procedimento só deve acontecer quando há tecido saudável para receber”, reforça Fabi.
Num cenário onde a estética se tornou também parte da cultura do autocuidado, a especialista alerta:
“Pacientes querem transformação imediata, mas esquecem que a pele fala — ela traz sinais do sono, estresse, alimentação. Ignorar isso é receita para frustração.”